LUISA LOPES
Eu te vejo em mim




A série de fotografias "Eu te vejo em mim" forma a proposta final desta homenagem à minha tia C., em meio a um processo de luto que tem como testemunhas imagens e objetos. Vestindo uma de suas roupas que herdei, carregando o colar de dentes de macaco do guerreiro, integro-me na paisagem - e no gabinete de curiosidades - que é o meu quarto. Penso na roupa como uma metonímia da identidade - uma parte significativa do todo. Aqui, o corpo como expressão do meu próprio mundo vivido é atravessado pela expressão do que era o seu mundo.
Ao pensar no par individualidade/originalidade, a roupa funcionou como forma de unir algumas das características de minha tia com as minhas. A renovação, a possibilidade de existência, foi relacionada com a vitalidade que passa a aparecer em mim, por ser aquela que permanece no mundo terreno, no mundo das aparências.
Assim, em meio as minhas roupas e as da minha tia C., enceno essa mimese e adentro a paisagem do meu quarto, misturando o meu corpo com os objetos. Sobreponho, mesmo que por um momento, a expressão de sua existência e a minha lembrança de seu corpo no meu próprio corpo, nessa paisagem. Aqui, a ação provoca uma fusão de universos, que conforma o meu mundo vivido.